É grande a probabilidade que você esteja lendo esse texto em um smartphone. Se não, ele certamente está próximo de você, no seu bolso ou na sua bolsa.
A cada momento de tédio sacamos nossos celulares para checar mensagens, espiar nossas redes sociais, ou jogar joguinhos inúteis. Fazemos isso até enquanto estamos dirigindo, pondo vidas em risco.
Não existe hora de parar
Antigamente quando víamos TV, uma hora o programa acabava e íamos fazer outra coisa. Isso é coisa do passado, porque agora não existem limites. Podemos assistir séries inteiras em um dia ou fazer pesquisas aleatórias por tempo indeterminado. As redes sociais são desenhadas para que não exista um fim na página e nem mesmo uma ordem cronológica. Tudo para você passar mais tempo olhando para as telas.
As recompensas são irregulares e imprevisíveis
É o mesmo mecanismo das máquinas de cassino. Por volta dos anos 20, psicólogos behavioristas começaram a fazer pesquisas em animais de laboratórios para descobrir qual é a forma mais eficiente de reforçar um determinado comportamento. Estes reforços são baseados em recompensas e punições. A maneira mais efetiva de reforçar através de recompensas é aquela onde a recompensa vem de maneira irregular, assim como as máquinas de caça níquel, representada no gráfico abaixo pela sigla VR.
Quando você compartilha alguma coisa no Facebook você não faz ideia de quando nem quantas pessoas vão te dar uma curtida ou comentar. Quando você manda o e-mail não sabe quando nem tem certeza se a pessoa vai responder. A bolinha vermelha que aparece quando você é notificado de que alguma coisa aconteceu na sua vida virtual é equivalente à bolinha de comida que davam para os ratos de laboratório. No grande jogo da internet, cada postagem é uma aposta imprevisível. Cada curtida é uma dose.
Se você é apenas um expectador das redes sociais e não compartilha nada também é passível de sofrer problemas por isso. Um estudo de 2013 chega a conclusão que o uso passivo do Facebook estimula sentimentos de inveja e reduz o bem-estar dos usuários.
Sugiro que você encare os seus dispositivos eletrônicos como o que eles são. Artefatos desenhados para te viciar, mesmo que sejam úteis e importantes. Fique atento à sua necessidade por recompensas e evite se comparar com os outros. Privilegie interações que estejam acontecendo no mundo real ao invés de manter a sua atenção sempre dividida com uma telinha que fica apitando.